Um dos conceitos, então, que está intrinsecamente
ligado à realização de um empreendimento solidário é
o de desenvolvimento local .
Com a tendência de
aumento do rendimento do trabalho associado, há a busca por promover o
desenvolvimento local dos aspectos econômico e
social, sendo que este
define-se como o "processo
que mobiliza pessoas e
instituições buscando a
transformação da economia e da sociedade locais,
criando oportunidades de trabalho e renda, superando
dificuldades para favorecer
a melhoria das condições
de vida da população
local" (JESUS, in: CATTANI:
2003, p. 72).
Segundo Gaiger (2002),
quatro características
econômicas fazem parte do modo de produção
capitalista. Elas são:
produção de mercadorias
com único objetivo de
comercialização, separação
dos trabalhadores dos
meios de produção,
transformação do trabalho
em mercadoria por meio do
empregado assalariado e existência do lucro e da acumulação de capital por parte do empregador que detém os meios de
produção.
Com tudo isso, principal
elemento do modelo
capitalista é ser desigual e combinado, onde parte dos trabalhadores é bem sucedida, o restante perde suas qualificações e muitos se tornam miseráveis
(Singer, 2004). Isso se dá devido a uma crescente
valorização da competição,
que, ao contrário do senso comum, não é antagônica à cooperação.
Ambas
coexistem e o que
caracteriza o modo de
produção em que a
sociedade se baseia é a
predominância de uma ou outra. Quando a competição sobressai em relação à
cooperação, a grande
tendência é a exclusão
daqueles que fracassam ou
não estão aptos,
enfraquecendo o ambiente
sistemicamente. Em
contrapartida, quando a
cooperação preside as
relações, cria-se um
ambiente tolerante e
igualitário, tornando
possíveis processos de
recuperação de economias abaladas (MYRDAL, in:
ARROYO: 2008).
A economia solidária,
conforme Wautier (In:
CATTANI: 2003, p. 110), é orientada do ponto de vista sociológico e "acentua a noção de projeto, de
desenvolvimento local e de pluralidade das formas de atividade econômica,
visando à utilidade pública,
sob forma de serviços
diversos, destinados,
principalmente, mas não
exclusivamente, à
população carente ou
excluída".
Pode-se dizer também que é fundada em relações nas quais as práticas de
solidariedade e
reciprocidade não são
utilizadas como meros
dispositivos compensatórios, mas sim fatores determinantes na realidade da produção da vida material e social.